Por Lisiani Rotta
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Ouvi de um casal de amigos que chegara há pouco do Catar, o relato da viagem incrível que fizeram para curtir de perto a Copa do Mundo. Adoro saber sobre viagens e culturas diferentes e nos divertimos conversando sobre as belezas, curiosidades e costumes do lugar. Foi assim que eu soube da existência da mulher mais poderosa do Catar, considerada pela Forbes uma das cem mulheres mais influentes do mundo.

Instigada pelos meus amigos, procurei a biografia de Sheikha Mozah bint Nasser al-Missned e senti vergonha por não conhecê-la. Não. Eu não vejo a Globo. Eu converso com gente interessante. A história dessa verdadeira deusa parece um filme de Hollywood. Filha de um dissidente do governo, um forte oponente de Khalifa bin Hamad bin Abdulah Al-Missned que foi preso nos anos 60, Mozah viveu longe do Catar dos cinco aos 18 anos, quando deixou a família no exílio e regressou ao país para estudar Sociologia.

A estudante encantou o filho do inimigo do seu pai, que quis dar a ela, no mesmo ano em que se conheceram, o título de segunda esposa. A sheikha, então, fez um mestrado em Artes em Políticas Públicas do Islão e recebeu doutoramentos honorários de cinco universidades. Há quem diga que é ela a verdadeira governante do Catar, mas ninguém se atreve a confirmar isso em voz alta.

A segunda esposa do sheik Hamad bin Khalifa, ex-emir do Catar, é mãe do atual Emir e de mais seis filhos. São ao todo duas meninas e cinco meninos. Mozah cofundou e preside a Qatar Foundation for Education, Science and Community Development (QF), criada em 1995. Atua como presidente da Silatech desde 2008, preside a Arab Democracy Foundation e o Conselho Supremo para Assuntos Familiares desde 1998. É vice-presidente do Conselho Supremo de Educação e foi membro da Unesco como enviada especial para Educação Básica e Superior em 2003. É membro do Conselho de Supervisores da Weill Cornnel Medicine e presidente do Sidra Medical and Research Center, um hospital feminino e infantil de alta tecnologia em Doha.

Doou 7,9 bilhões de dólares a esse centro médico. Trabalha com a ONU para apoiar a educação global e foi selecionada como Defensora das Nações Unidas para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Em 2012 criou a Fundação Education Above All (EAA) para melhorar o acesso à educação de qualidade nos países em desenvolvimento. A EAA é parceira da Unicef e da Unesco.

Conforme resumido pelo The New York Times em 2018, Sheika Mozah é objeto de insultos escandalosos e muitas vezes misóginos na mídia saudita, dos Emirados e do Egito, onde é retratada como uma manipuladora sedenta de poder e de homens fracos. Quem dera todos os manipuladores sedentos de poder fizessem tanto pelo seu povo, não é mesmo? Estonteantemente bela aos 63 anos, ela é uma das figuras mais influentes do Oriente Médio, incansável na luta para que as mulheres árabes tenham os mesmos direitos dos homens. Influente também no mundo da moda ela é a principal responsável por colorir os armários femininos do país. Tornou-se um ícone fashion para as mulheres do Catar, que só se vestiam de preto. Até o jeito de ela usar o turbante, ao invés do véu, deixando parte dos cabelos à mostra pode ser vista como uma mensagem. É considerada uma das mulheres mais belas e bem vestidas do mundo.

Defensora da educação, Sheika Mozah é a responsável pelas universidades do Catar, contarem, atualmente, com mais universitários do sexo feminino do que do sexo masculino. A mãe do atual Emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani abriu portas para um caminho sem volta no Catar. Se conquistar o que ela conquistou é algo extraordinariamente admirável em qualquer lugar do planeta, imaginem esse feito num país tribal como o Catar, há décadas. Sheikha Mozah é surreal! Estou curiosa pra saber mais, muito mais sobre ela.

Muito obrigada, amigos! Além de uma boa crônica, vocês conseguiram a adição de um novo membro ao fã-clube dessa mulher impressionante! Estou encantada!​